Desde 2009, a Estação Lapa da Linha 7-Rubi da CPTM faz parte da minha vida, quase que diariamente. Construída por volta dos anos 1950 e reformada no início deste século, ela tem, ao seu lado, uma passagem subterrânea sob os trilhos da Linha 7 e da Linha 8-Diamante, provavelmente construída ao mesmo tempo. Nunca consegui informações mais antigas sobre a passagem (se você as tiver, por favor compartilhe nos comentários), mas encontrei uma análise, feita num trabalho para a FAU-USP por Marcos Kiyoto de Tani e Isoda:
A estação da Linha A, antiga Santos–Jundiaí, possui uma construção um pouco mais complexa, com acesso aos dois lados da ferrovia, por uma passarela e também por uma passagem subterrânea, ambas integradas à estação, que são muito utilizadas. Esta estação está distante do terminal de ônibus cerca de quinhentos metros (…), próximo ao final da Rua Doze de Outubro, onde se localiza um dos acessos à passagem subterrânea.
A passarela sobre a linha férrea tem a vantagem de fazer parte do próprio edifício da estação e tem qualidade espacial, apesar de o acesso da rua John Harrison ser um pouco precário. Já a passagem subterrânea funciona como um acréscimo à estação. Tem como grande vantagem [localizar-se] no eixo da Rua Doze de Outubro, mais perto do movimento, portanto. Ainda que o estado de conservação não esteja adequado, possui uma largura razoável.
Todas as travessias de pedestres possuem apenas escadas comuns, não estão adaptadas para receber deficientes físicos ou pessoas com dificuldades de locomoção. Além disso, são pouco utilizadas à noite, devido à falta de segurança. Estes problemas [estendem-se] para todo o desenho urbano da região [e] não se limitam apenas a estas travessias.
Hoje pela manhã, deparei com uma cena que não via há algum tempo: um alagamento nessa passagem subterrânea. Mesmo sem ter chovido, um trecho de cerca de cinco metros estava com água o bastante para impedir a passagem das pessoas. Alguns arriscavam-se a passar, usando como ponte improvisada alguns pedaços de madeira próximos a uma das paredes, como se vê na foto acima, porém, além da possibilidade de molhar os pés ou de tomar um tombo, molhando outras partes do corpo, só podia passar uma pessoa de cada vez.
Não tenho, obviamente, uma contabilidade de quantas vezes vi cenas parecidas naquele local, mas uma busca nos arquivos do meu Twitter mostram que em 13 de fevereiro de 2012 eu trombei com a mesma cena, retratada na foto abaixo, muito similar à que tirei hoje de manhã. Note que, apesar dos dois anos e meio de diferença entre as duas fotos, as pichações na parede são as mesmas! Basta comparar o “MA” próximo à cabeça da moça de azul, na foto acima, e as mesmas letras na foto abaixo, próximas ao senhor de camisa preta no meio.
Uma rápida pesquisa trouxe uma reportagem do G1 de maio de 2013 sobre o mesmo problema. Na época, a Subprefeitura da Lapa informou ao G1: “Salientamos que o setor de obras da subprefeitura está elaborando um levantamento de necessidades para o local, visando melhorias em relação à pintura, iluminação e drenagem.” Dezesseis meses depois, nada foi feito, e o problema persiste, assim como as já mencionadas pichações.
Em junho do mesmo ano, a outra passagem subterrânea da região, que fica a pouco mais de cem metros, mais próximo da outra Estação Lapa (a da Linha 8, conhecida como “Túnel da Onça”, que já tinha passado por uma reforma), teve um alagamento bem maior, algo que é recorrente. Nesse dia, eu tinha, por acaso, assistido à reportagem no Bom Dia São Paulo. Sabendo que passaria ali perto cerca de quarenta minutos depois, levei a câmera para fotografar a situação. Felizmente para os que dependem da passarela para cruzar ao outro lado dos trilhos da CPTM, quando lá cheguei o alagamento já tinha sido bombeado.
Não sei quanto tempo levou para que o alagamento de hoje fosse eliminado. Talvez minutos, talvez horas, talvez até nem tenha sido enquanto escrevo este texto, no fim da tarde. O que sei é que, ao menos durante o horário de pico da manhã, o alagamento congestionou a outra passarela da estação da Linha 7, esta elevada, integrada à estação. A travessia, que normalmente leva menos de um minuto, estava levando mais de dez.
Nunca notei se há alguma forma de remoção de água em ambas as travessias por túnel.
Alguns adicionais a serem colocados:
– O túnel de ligação à estação da Linha 7 é muitas vezes reduto de camelôs. Nas poucas vezes que passei nos últimos tempos, sempre notei uma presença gigante de camelôs, e não só: conta também a sujeira (que entope bueiros, que ajuda a criar a situação ocorrida), pixações e pessoas estranhas.
– Creio que vale aproveitar a deixa para investigar algumas passagens subterrâneas/inferiores existentes em São Paulo. Por exemplo, a passagem de rua inferior fechada e existente na frente do antigo prédio do Mappin, na Praça Ramos.
Ou a passagem aberta no cruzamento da Consolação com a Paulista e que serve de sebo de livros também.
Os camelôs vão e voltam naquela passagem. Como passo lá com alguma frequência, vejo as duas situações. Vale ressaltar que, uns cinco anos atrás, chegava a ser quase impossível cruzá-la, tantos eram os ambulantes ali concentrados. Já faz um bom tempo que não os vejo em tal quantidade. E, às vezes, não vejo nenhum. Sobre as outras passagens, já tenho pesquisas iniciadas a respeito, mas não sei quando vou reunir material suficiente para publicar um texto. Abraço!