O primeiro semáforo com botoeira de São Paulo faz 50 anos

Paulo Pestana, diretor da DST, inaugura o semáforo para pedestres na esquina da Lorena com a Nove de Julho. Foto: Diário Popular

Paulo Pestana inaugura o semáforo para pedestres na Lorena com a Nove de Julho. Foto: Diário Popular

Hoje eles estão espalhados pela cidade. Nem todos funcionam. Alguns funcionam, apesar de um buraco no meio do botão. Entretanto, exatos cinquenta anos atrás eles eram uma grande novidade. Estou falando dos semáforos com botoeira que permitem a travessia de pedestres, geralmente em avenidas movimentadas.

Em 1966, a prioridade da Prefeitura era o trânsito de automóveis, e um dos projetos que ela tocava era o de sincronização de semáforos — a primeira experiência seria feita na Rua Augusta. Sabemos que esse projeto nunca deu grandes frutos, mas ele teve ao menos um efeito colateral duradouro, os semáforos para pedestres com botoeiras. O entusiasmo pela nova ferramenta era tão grande, que o Diário Popular de 15 de outubro bradava em na manchete de sua página 4: “Paulistano comandará semáforo a partir de segunda-feira”.

O primeiro deles foi instalado na esquina da Avenida Nove de Julho com a Alameda Lorena e inaugurado às 11 horas de 17 de outubro de 1966, por Paulo Pestana, diretor da Diretoria do Serviço de Trânsito (DST, precursor da CET). “O aparelho é dotado de controle destinado a interromper o tráfego sempre que o transeunte pretender cruzar o leito carroçável”, explicava o Diário Popular. “A ação do semáforo se verificará segundos depois de acionado o botão, dando tempo suficiente para movimentação e posterior paralisação do trânsito.” O tempo dado para a travessia era de quarenta segundos, e a operação só poderia ser repetida dois minutos e meio depois.

Produzido no Brasil, ele foi também o primeiro equipamento do tipo a ser instalado na América do Sul. A DST informou que o custo desses equipamentos era o mesmo dos semáforos comuns, porém tanto o da Lorena como os outros oito que seriam instalados num primeiro momento, em cruzamentos considerados perigosos, tinham sido doados.

Nos testes finais, realizados três dias antes da inauguração, a DST teve de consertar um mau funcionamento, em que, após o acionamento da botoeira, o semáforo de veículos pulava da luz verde diretamente para a vermelha, mas no dia marcado tudo correu bem, e a novidade foi aprovada pelos pedestres que a utilizaram.

O segundo semáforo para pedestres com botoeira estava previsto para a esquina das ruas da Mooca e Catarina Braida. Não consegui encontrar a evidência da instalação, afinal, a novidade sempre ganha algum destaque, mas o “segundo colocado” costuma ser esquecido.

Testes do primeiro sinal de pedestres de São Paulo. Foto: Diário Popular

Testes do primeiro sinal de pedestres de São Paulo. Foto: Diário Popular

Alexandre Giesbrecht

Nascido em 1976, Alexandre Giesbrecht é publicitário. Pesquisa sobre a história do futebol desde os anos 1990 e sobre a história da cidade de São Paulo desde a década seguinte. Autor dos livros São Paulo Campeão Brasileiro 1977 e São Paulo Campeão da Libertadores 1992, já teve textos publicados em veículos como Placar e Trivela.

Você pode gostar também de...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *