Neil Armstrong ainda não tinha pisado na Lua, mas ficou famoso em março de 1966, ao ser um dos astronautas da missão tripulada Gemini 8, a primeira a completar uma acoplagem em órbita entre duas naves. Devido a um propulsor avariado, o módulo começou a girar em torno do próprio eixo após a acoplagem, forçando Armstrong e seu colega, David Scott, a abortar a missão e retornar à Terra. Seis meses depois, o comandante Charles Conrad e o piloto Richard Gordon foram os tripulantes de mais um voo do Projeto Gemini, o Gemini 11, que quebrou o recorde de altitude do projeto, com 1.189,3 quilômetros de altura.
Foram com essas credenciais que Armstrong e Gordon chegaram a São Paulo num avião da frota presidencial americana, em 21 de outubro de 1966, sendo recebidos pelo secretário estadual Paulo Machado de Carvalho no Aeroporto de Congonhas, assim como por uma multidão que lotou a área internacional do local. De lá, seguiram em carro aberto pela cidade, com uma parada para cumprimentar as crianças que deixavam o Grupo Escolar Mário de Andrade, na Rua Joaquim Nabuco. O primeiro compromisso foi no Palácio dos Bandeirantes, onde uma chuva de pétalas de rosas os esperava para o encontro com o governador Laudo Natel, que chegou dez minutos atrasado. Ainda em carro aberto, os astronautas prosseguiram para o Othon Palace Hotel, na Praça do Patriarca, para uma entrevista coletiva.
O dia ainda reservava visitas ao Monumento às Bandeiras, na companhia do prefeito José Vicente Faria Lima, e ao Museu da Aeronáutica, no Parque do Ibirapuera. Faria Lima, que era brigadeiro da Aeronáutica e voou pelo Correio Aéreo Nacional nos anos 1930, fez um breve discurso de improviso: “Saúdo os ilustres astronautas como prefeito e como oficial da Aeronáutica e, em nome de São Paulo, dou as boas-vindas a esses pioneiros dos voos espaciais.” Já no museu, os visitantes ofertaram uma placa comemorativa em homenagem a Santos Dumont, onde se lia: “Ao gênio do grande brasileiro Santos Dumont, por suas contribuições para a ciência aeroespacial, de Neil Armstrong e Richard Gordon, astronautas dos Estados Unidos.” A inscrição, em português, foi lida com alguma dificuldade por Armstrong. A dupla ainda foi condecorada com a medalha de pioneiros da aeronáutica por militares presentes à cerimônia.
À noite, Armstrong e Gordon participaram de uma palestra no campus do Mackenzie, em que foram mostrados filmes e fotos feitos nas cápsulas do Projeto Gemini. A comitiva também forneceu alguns detalhes sobre os planos para enviar astronautas à Lua. O integrante da comitiva George Low, vice-diretor do Centro de Voos Espaciais de Houston, garantiu que os Estados Unidos pisariam na Lua ainda naquela década. Ele estava certo — e também estava ao lado do homem que viria a ser o primeiro a fazê-lo. Low também negou haver uma corrida espacial com a União Soviética: “Para se concluir que há um atraso dos Estados Unidos em relação à União Soviética no plano espacial, seria preciso admitir que há uma corrida espacial. Isso não é exato.”
A visita terminaria no dia seguinte, quando os astronautas embarcaram rumo a Assunção, no Paraguai.
Não fazia ideia que o Armstrong já havia passado por aqui! E ainda em carro aberto e tudo.
Fico feliz em ver novas postagens, Alexandre. Espero que haja tempo e disposição para outras mais, pois o conteúdo do site é fantástico! Abraços!
Meu avô paterno era integrante da extinta Guarda Civil naquele tempo. Anos antes, em 1961, integrou a escolta do cosmonauta soviético Yuri Gagarin quando de sua visita ao Brasil.
Eu tinha 16 anos e fui ver a visita dos astronautas em São Paulo. eu estava ao lado do correio central esquina da av. São João. tinha uma comitiva grande de carros oficiais. também fui visitar a cápsula gemini exposto na praça da Sé. fui ver também o automóvel DEMOCRATA exposto na praça da Sé com a rua Direita. Gente sou do tempo que o arco-iris era preto e branco. kkkkkkkk