Quando se fala de “guia da cidade”, vêm à mente as imagens de um guia turístico, daqueles que mostram os principais atrativos turísticos, ou de um livro bem grosso, contendo um mapa paginado de ruas. Em 1957, a empresa City Guide Propaganda S.A. tentou adicionar um novo significado à expressão, lançando a engenhoca do anúncio abaixo, publicado na Folha da Manhã de 17 de janeiro daquele ano. Ela funcionaria para informar a localização de ruas e outros pontos de interesse, além de estabelecimentos comerciais que estivessem listados.
Anúncio da City Guide Propaganda, promovendo o “Guia da Cidade”
A empresa publicaria outros anúncios similares, como em 29 de janeiro e em 22 de fevereiro, mas apenas em 23 de agosto a engenhoca parecia estar pronta, que é quando a propaganda trazia os endereços onde o guia poderia ser consultado. Não por acaso, o título do anúncio era “Parabéns a São Paulo, primeira cidade do Brasil onde se inaugura o Guia da Cidade”.
Os endereços ficavam principalmente no centro da cidade, a saber: Aeroporto de Congonhas; Estação Roosevelt; Estação da Luz; Estação da Sorocabana (Júlio Prestes); Largo do Arouche, 360; Praça da República, 294; esquina das ruas Martins Fontes e Major Quedinho (sede do jornal O Estado de S. Paulo); Avenida Cásper Líbero, 88 (sede d’A Gazeta); Rua da Consolação, 17; Rua São Luís, 161; Praça Clóvis Bevilácqua (no corpo de bombeiros); no fórum da Praça João Mendes; no fórum da Rua Onze de Agosto; Rua Maria Paula, 50; no Largo do Paiçandu; na Sears Reebuck da Praça Osvaldo Cruz; no Largo da Penha; na esquina das ruas José Bonifácio e Direita; na sede do Touring Club, na Praça da Bandeira; e Rua Silva Bueno, 2213.
Esse último anúncio também trazia as instruções de como usar o guia:
a) Nos visores, procure a rua, repartição, casa comercial ou o profissional que deseja localizar. Há um número e uma letra em seguida ao endereço. É o código.
b) Girando o botão maior, faça o número do mapa (indicado no código) coincidir com a régua horizontal.
c) Ao longo da régua, no quadrado correspondente à letra do código, estará o lugar procurado.
Parece complicado sem ver mais que o desenho reproduzido acima, mas não devia ser tão diferente dos painéis de shopping centers, que ainda são muito parecidos com isso, mesmo hoje em dia — a diferença é que eles não trazem os botões e a régua, mas também a área onde se vai fazer a busca é bem menor. O anúncio também pedia que o usuário visse, na televisão, “as demonstrações práticas”, transmitidas “nos três canais”.
Entretanto, após o anúncio avisando que os guias já estavam instalados, não houve novos anúncios, e a City Guide Propaganda só não sumiu definitivamente dos acervos de Estado e Folha, porque, em 8 de dezembro, publicou um anúncio em busca de “homens com mais de 22 anos”, para “reais possibilidades de ganhar pelo menos 25 mil cruzeiros mensais”. Depois disso, não achei mais nenhuma referência.
Você sabe qual foi o destino dos Guias da Cidade?
